Carta Política #279

“O episódio revela que o atual governo não dá a menor pelota ao ajuste fiscal e às regras do jogo. O golpe no teto de gastos e o calote nos precatórios, no fundo, foram para viabilizar disparates como este reajuste aos policiais federais”.

(Felipe Salto, diretor do Instituto Fiscal Independente)

            O orçamento de 2022 foi finalmente aprovado, abrindo espaço para o recesso legislativo. Agora, os parlamentares voltam aos trabalhos apenas em fevereiro do ano que vem.

            A grande surpresa foi o movimento, incentivado pelo presidente, de conceder um reajuste às categorias policiais na esfera federal. Bolsonaro havia indicado há algumas semanas, em viagem ao exterior, que concederia aumento para todas as categorias, mas foi amplamente criticado por não haver espaço fiscal para tanto. Decidiu pressionar então para estender o benefício a apenas uma categoria, ao custo de R$ 1,74 bilhão.

            Quase todas as demais categorias do funcionalismo estão sem ajustes salariais há mais de cinco anos. A seletividade do governo causou revolta entre os servidores. O movimento foi mais intenso na Receita Federal, que teve seu orçamento reduzido pela metade, desde a aprovação até a proposta. Grande parte dos servidores decidiram entregar seus cargos de chefia, contra o que consideram um desrespeito.

            O risco de que o reajuste concedido a apenas uma categoria “abrisse a porteira” para os demais já vinha sido alertado pelo Ministério da Economia, que se manifestava de maneira contrária a medida. Mas o fato é que o Presidente segue com sua popularidade em queda, e precisa tomar medidas para tentar preservar sua base de sustentação.

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