Carta Política #142

“Então, a expectativa realista é que a reforma da Previdência possa estar votada em definitivo pelas duas Casas em meados de setembro.”

 (Fernando Coelho (MDB-PE),  líder do governo no Senado)

Na semana, tivemos a exoneração de Bebianno e a apresentação da Reforma da Previdência ao Congresso.

A demissão do ministro se deu repleta de ruídos. Os áudios que o presidente enviou para Bebianno foram divulgados, desmentindo a versão de que ele e Bolsonaro não tinham se comunicado. O ex-ministro concedeu entrevista à mídia posteriormente, ameaçando ao presidente de forma velada, atacando a Carlos Bolsonaro, recusando cargos e se relegando ao PSL do Rio de Janeiro, de onde pretende coordenar as eleições municipais de 2020. E o presidente gravou um vídeo bastante constrangedor em defesa de Bebianno. Da forma como o caso foi endereçado, é possível inferir que o ex-ministro ainda pode gerar crises, aparentemente os filhos do presidente perderam um pouco de voz, e os militares ampliaram ainda mais seu espaço no Planalto.

Plenamente recuperado da cirurgia, Bolsonaro foi à Câmara entregar a proposta da Reforma da Previdência. Ampla e dura, carrega consigo expectativa de economia de até R$1,1 trilhão em dez anos. A equipe econômica concedeu coletiva de imprensa na qual detalhou a proposta, e o presidente fez pronunciamento à nação a noite.

Apesar do ambiente político conturbado, as expectativas para aprovação da reforma são positivas. Parece que o fato de que é necessário reformar a previdência já é consumado na opinião pública e na imprensa, e a oposição está bastante desarticulada. O governo elencou um senador do MDB como seu articulador no Senado, e os parlamentares estão discutindo de que forma irão reformar a PEC – começou a temporada das exceções, e dos grupos de interesse que reivindicam tratamento diferenciado. Caso as economias esperadas fiquem acima dos R$700 bilhões em dez anos, o governo já se dará por vitorioso.

Os riscos estão sempre na oposição dos grupos organizados, especialmente o funcionalismo público de altos salários presente no Judiciário, que dispõe de instrumentos de pressão bastante efetivos. Já começam a circular reclamações de que as alíquotas propostas para equalização do RPPS são “confiscatórias”.

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