Carta Política #141

“Se ele está com algum problema, ele tem que comandar a solução, e não pode, do meu ponto de vista, misturar família com isso porque acaba gerando insegurança, uma sinalização política de insegurança para todos.”

(Rodrigo Maia, presidente da Câmara)

Na semana, o presidente teve alta. Com a estadia no hospital superada, já recebeu a proposta da reforma da Previdência. Aparentemente chancelou uma proposta bastante ampla, com economia de cerca de 1,1 trilhão de reais em 10 anos. O ponto central da reforma seria o estabelecimento de idades mínimas de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, com uma transição ao longo de doze anos. A boa notícia é que pela primeira vez parece que existe algum consenso político ao redor da necessidade de se alterar o regime previdenciário atual – os presidentes de ambas as casas do Congresso já se manifestaram a favor, pesquisas com os parlamentares indicam que há votos, e o presidente ainda goza de boa-fé junto à população. No entanto, é certo que os congressistas irão diminuir a economia proposta.

A expectativa é que a reforma completa seja anunciada no dia 20, quando irá ser apresentada ao Congresso, com expectativa de passagens pelas comissões e aprovação em dois turnos na Câmara até Junho. Com alguma celeridade, poderia estar pronta para sanção na metade do segundo semestre.

Mas o governo, apropriadamente chamado de “filhocrata”, não atravessou a semana incólume. Saiu matéria sugerindo que o PSL havia se apropriado indevidamente de fundos públicos através de transações a partir do fundo partidário, implicando a Bebianno, presidente do partido na época. Hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência, ele deu entrevista dizendo que não havia crise nenhuma no governo, e que havia inclusive falado com o presidente três vezes no dia. Carlos Bolsonaro retrucou dizendo que o ministro era mentiroso – e foi acompanhado posteriormente pelo pai. O ministro, marcado como mentiroso, sofreu forte pressão para deixar o cargo. Matérias de bastidores indicam que os filhos de Bolsonaro se sentiram traídos quando Bebianno concordou em dar entrevista à TV Globo, emissora tratada como inimiga pela família, decidindo defenestrá-lo. O ministro se recusou a se demitir, Bolsonaro resolveu não liquidar a fatura, e ficou apenas o desgaste. O ruído ficou maior quando se descobriu que Bebianno é protégé de Rodrigo Maia dentro do Planalto, que chegou a defende-lo publicamente e ameaçar a votação da Previdência. O presidente recuou e encerra a semana mais fraco, por puro amadorismo.

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