Coluna #23: Inovação em Bancos Centrais

As políticas monetárias extraordinariamente frouxas, já bastante utilizadas na última década, foram ampliadas pelas necessidades impostas pela pandemia em 2020. Os Bancos Centrais foram gradativamente se utilizando de medidas cada vez mais heterodoxas para estimular as suas economias. Hoje, o estoque global de dívida que paga taxas negativas de juro já supera os 17 trilhões de dólares, batendo o último recorde estabelecido em meados de 2019.

Taxas de juro muito baixas servem para estimular o consumo e diminuir o peso da dívida. Quando um Banco Central leva os juros nominais para patamares muito baixos, existe um desestímulo à poupança tradicional e um estímulo ao consumo. O custo de qualquer dívida também costuma cair, dado que as taxas de juro pagas pelo setor privado são relativas às do setor público. Mais dinheiro disponível para consumo e mais barato acabam sendo um estímulo poderoso para as economias.

Porém quando os juros chegam a patamares nominais negativas, os efeitos deletérios são muitos. Taxas negativas funcionam como um imposto sobre as poupanças depositadas nos títulos nacionais, gradativamente corroendo o valor do principal investido. E prejudica especialmente os bancos, que acabam tendo que pagar pelo dinheiro que depositam nas mãos da autoridade monetária.

Penalizar demais a margem dos bancos pode prejudicar a efetividade da política monetária. Se o setor for prejudicado de forma a não ser mais incentivado a conceder crédito, acabará sufocando a economia de dinheiro, atrapalhando a recuperação intencionada pelas autoridades.

Por conta disso, os governos têm tomado medidas mais heterodoxas desta vez do que na última crise. O governo do Reino Unido, por exemplo, decidiu garantir, ele mesmo, alguns empréstimos. Desta forma, absorveria ele mesmo todo o risco de crédito em eventual calote O Banco do Japão implementou um programa de remunerar os depósitos de bancos regionais, menores, em 0,1% anuais adicionais, de forma a dar-lhes alguma margem de lucro para permanecer em operação. Isso permite que o governo absorva alguns custos para manter os bancos emprestando. E nos Estados Unidos, os empréstimos concedidos com dinheiro governamental, através dos bancos, podem ser perdoados mediante algumas medidas como preservação de empregos.

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