Carta Política #311

“Estabilidade é para você convencer o governo cumprindo com sua tarefa que os empresários privados do Brasil, e os empresários estrangeiros, tenham condições e saibam que têm estabilidade para fazer investimento aqui dentro”.

(Lula)

               Nesta semana, o Jornal Nacional conduziu sabatinas com os candidatos à presidência melhor posicionados nas pesquisas: Bolsonaro, Lula, Ciro Gomes e Simone Tebet. O estilo de entrevista do programa é tradicionalmente confrontativo, de forma que os candidatos vão preparados para responder perguntas difíceis.

               As entrevistas de Lula e Bolsonaro contaram com ampla audiência – cerca de trinta pontos no Ibope – e ambos os candidatos conseguiram se conduzir razoavelmente bem em um ambiente hostil.

              O que mais chamou a atenção na entrevista de Lula foi o recurso consistente a seu vice, Geraldo Alckmin. O antagonismo feroz do PT contra o ex-governador paulista, que também fez de sua parte críticas brutais a Lula quando candidato nas últimas eleições presidenciais, é amplamente conhecido. Quando questionado a respeito, Lula disse que o PT havia abraçado de corpo e alma à sua escolha de vice, brincando que sentiu até ciúmes da forma como Alckmin estava sendo bem-tratado nas convenções; e emendando em suas afirmações como isso representava o aceno dele ao centro.

              Lula também fez outros acenos ao centro: aludiu ao respeito a contratos, fez recursos ao seu primeiro mandato, quando respeitou os parâmetros de responsabilidade fiscal herdados de FHC, e reconheceu timidamente a existência de corrupção e de erros de condução da política econômica durante a era Dilma. Fez tudo isso de forma distante o suficiente para não ser duramente criticado pelos setores mais à esquerda.

              Em suma, Lula encarnou o “Lulinha Paz e Amor” do primeiro mandato, declamando uma segunda carta ao povo brasileiro. Resta saber se o compromisso, lançado sobre o histórico de mais de três mandatos sob a égide do PT, é suficiente para reconquistar o eleitor de centro.

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