Carta Política #295

“Se a informação se confirmar, haverá uma quebra desleal do compromisso que será sentida ainda mais depois das diversas perdas sofridas pelos policiais federais durante este governo”.

(Nota da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal)

 

            O governo se viu, nesta semana, sob intensa pressão dos servidores. A promessa eleitoral do Presidente era de reestruturação das carreiras de segurança pública. No entanto, ao tentar conceder um reajuste apenas para estes profissionais, terminou por ofender muitas outras categorias do funcionalismo federal, que amargam a falta de reposição inflacionária há anos.

            O presidente decidiu, então, conceder um reajuste linear de 5% a todos os servidores. A medida tem um caráter de “balão de ensaio”. Mas os servidores certamente seguirão descontentes, dado que um aumento desta magnitude nem repõe as perdas inflacionárias.

            O presidente do sindicato dos funcionários do BC, por exemplo, já afirmou que a medida seria insuficiente, e anunciou que irão manter a greve iniciada neste mês. Os auditores da Receita Federal também indicaram manutenção do estado de greve, pela regulamentação dos bônus de desempenho. E os policiais federais indicaram que um aumento dessa magnitude passa muito longe da promessa do Presidente, de reestruturação da carreira – outra palavra para mudanças na tabela salarial.

            O governo, de sua parte, espera poder contar com o sentimento de compreensão por parte dos funcionários públicos que apoiaram ao Presidente nas eleições, diante do contexto bastante conhecido de restrições orçamentárias. Por outro lado, a paralisia dos servidores já começa a ter seus impactos sentidos em alguns setores da população – especialmente nas alfândegas.

            As estimativas apontam para um impacto de R$ 8 bilhões, caso o reajuste linear de 5% seja concedido a todo o funcionalismo federal. Caso seja efetivado apenas para o Poder Executivo, o impacto seria de aproximadamente R$ 6,5 bilhões. Dadas as restrições do teto de gastos, eventual reajuste terá que ser financiado por cortes nos já parcos investimentos da União, em pleno ano eleitoral.

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