Carta Política #258

“O Centrão é um nome pejorativo. Eu sou do Centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo”. (Jair Bolsonaro)

Uma notícia foi publicada na imprensa nessa semana: dizia que o general Braga Netto havia comunicado a Arthur Lira, através de interlocutores, que não haveria eleições em 2022 caso o Congresso não aprovasse o voto impresso. Todas as fontes da história eram confidenciais. Verdade ou não, o que ocorre é que a história “colou” e o Planalto se viu forçado novamente a se defender, negando veementemente as acusações e afirmando o presidente como um democrata fiel.

Bolsonaro não tem tido vida fácil: a popularidade está nas mínimas, a CPI da Covid é uma fonte de desgaste contínuo, e as acusações de tendências autocráticas são constantes. Resolveu reagir, e colocou no Ministério da Casa Civil Ciro Nogueira.

Ciro Nogueira é o cacique do Partido Progressista, que também abriga ao presidente da Câmara – coincidentemente, o maior beneficiado da história de Braga Netto. O namoro com o PP pode render casamento: Bolsonaro ainda não encontrou uma legenda a partir da qual possa disputar a reeleição no ano que vem.

Entregar um dos ministérios mais poderosos da Esplanada ao Centrão também ajuda o presidente a apaziguar sua relação com o Congresso, servindo de escudo a eventuais investidas contra seu mandato. Só é desconfortável: Ciro Nogueira chamava Bolsonaro de fascista em 2018, e o presidente foi eleito prometendo encerrar o famoso “toma lá dá cá”.

O presidente sabe disso, e contemporizou: disse que “Centrão” era um termo pejorativo, e que ele mesmo é criatura política do grupo, tendo passado metade de sua carreira política no PP.

O PP sabe que é uma relação difícil, mas conta com a ajuda da caneta presidencial para fazer uma bancada poderosa em 2022. Notícias dão conta de uma negociação para fundir o PSL, o DEM e o PP. O megapartido contaria com 121 deputados e 15 senadores, de longe a maior bancada parlamentar.

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