Carta Política #176

“Quero andar por todo o Brasil, porque não é possível que vivamos em um país em que os ricos ficam mais ricos e os pobres estão mais pobres”.

(Lula, em seu primeiro discurso após a liberdade)

A semana foi marcada, principalmente, pela soltura do ex-presidente Lula. Em um discurso considerado agressivo como radical até por expoentes de seu partido, o ex-presidente desferiu petardos contra o Judiciário e a promotoria. Seus ataques mais virulentos, no entanto, tiverem destinatário claro: Bolsonaro, Moro e Guedes.

O primeiro compromisso do petista é fazer um périplo pelo Brasil para unificar a esquerda, de olho nas eleições do ano que vem e na construção de uma base política sólida para a corrida ao Planalto em 2022. O ex-presidente terá então 77 anos, o que ainda não o inviabilizaria pela idade. Lula permanece, no entanto, inelegível a qualquer cargo político pela lei da ficha limpa.

Existem caminhos para que o ex-presidente recupere sua elegibilidade. A defesa de Lula alega que, tornada evidente a parcialidade de Moro no caso do tríplex, o STF deveria anular todo este processo. O habeas corpus deve ser julgado pelo Supremo nas próximas semanas. Existe também um outro mecanismo através do qual o petista poderia pedir que o STF suspendesse as sanções políticas, dado que o processo ainda deverá ser julgado em instâncias superiores.

Contra Lula, ainda corre o processo que trata do sítio de Atibaia, que já o condenou em primeira instância. O TRF-4 já marcou o julgamento de segunda instância deste processo para o dia 27 de Novembro. Caso seja condenado, o ex-presidente também estará inelegível por este processo. O tempo não joga a seu favor, conforme os processos avançam pelas instâncias superiores.

É evidente que a estratégia do ex-presidente é derrubar sua primeira condenação, para então categorizar todos os demais processos contra ele como de natureza política. Deve chamar para si toda a oposição e polarizar o país, utilizando sua força política para eleger seus aliados nas principais praças em 2020. Bolsonaro, por outro lado, também deve ser capaz de mobilizar o anti-petismo a seu favor. Nesse contexto, quem acaba esvaziado é o centro.

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