Carta Política #139

“Nesse sentido, a nossa tendência é apoiar um indicado do MDB, que conta com o maior número de membros na Casa, para presidir o Senado.”

(Senador Humberto Costa (PT-PE), declarando voto em Renan)

A semana foi marcada pelo aftermath da tragédia de Brumadinho. Os governos federal e estadual responderam agilmente aos acontecimentos, e a presença do presidente no local foi bem recebida pela mídia. Provavelmente o ocorrido irá dominar a agenda legislativa por algum tempo, dado que a nova legislatura é empossada hoje e os muitos parlamentares novatos precisam de algo para mostrar ao público.

Neste momento, é amplamente esperado que Rodrigo Maia vença a disputa pela presidência da Câmara. No Senado, apesar do favoritismo de Renan (que conseguiu até arrancar uma declaração de voto do PT), o resultado é mais incerto. Existe um movimento por parte do PSL e da militância virtual para apear do senador alagoano a presidência da Casa, via moção por voto aberto. A conferir.

Os articuladores da equipe econômica vêm comunicando, ao mercado, quais são suas expectativas para a Reforma da Previdência. Dizem que (i) Bolsonaro irá apoiar publicamente uma reforma dura e ampla; (ii) irão subestimar publicamente a economia advinda dessa reforma, para que o projeto seja o menos diluído possível; (iii) líderes no Congresso devem ter em mãos o projeto a partir da segunda metade de Fevereiro; (iv) o novo projeto não será enviado antes a Comissão Especial – irão aproveitar o projeto de Temer; (v) expectativa é de votação dos dois turnos na Câmara entre Abril e Maio deste ano, seguindo para aprovação no Senado em Setembro.

A equipe de articulação política do governo já mapeou todos os parlamentares. O Planalto espera ter 250 deputados simpatizantes à reforma, 123 neutros e 140 que inicialmente são contra (80 deputados irremediavelmente contrários e 60 que poderiam se abrir). O time de Onyx Lorenzoni, que inteligentemente recrutou alguns deputados que não tiveram seu mandato renovado, espera conseguir fazer o convencimento dos neutros e de parte dos inicialmente contrários via liberação de emendas. O time está otimista, mas precisa agir rápido – se o presidente perder capital político antes da votação da reforma, ela vai se tornando cada vez mais difícil de ser aprovada. Dado o histórico recente, é de se esperar que o ruído de malfeitos no entorno do Presidente aumente na medida que a Reforma andar.

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