Carta Política #135

“Porque a boa reforma é aquela que passa, na Câmara e no Senado, e não a que tá na minha cabeça ou na da equipe econômica”.  

(Jair Bolsonaro, em entrevista ao SBT)

Bolsonaro concedeu entrevista ao SBT nesta quinta-feira, abordando seus planos para o início do governo. O presidente tem a intenção de se reutilizar da proposta de Temer para endereçar a questão previdenciária. A vantagem é que teria a possibilidade de ser aprovada de forma mais célere. A desvantagem, porém, é que o projeto seria muito mais aguado, com idades mínimas menores e sem mexer na contribuição dos servidores.

Naturalmente as declarações trouxeram muitas críticas, e o rumor dos bastidores é que Paulo Guedes teria ficado bastante irritado. Também foram anunciadas ideias de eventualmente instituir um IVA, aumentar o IOF, e diminuir a alíquota máxima do IR. Bolsonaro também disse ser contrário a um eventual retorno da CPMF. Tudo isso ainda circula no campo das intenções, não sendo nada “oficial”.

Do lado do Legislativo, a grande novidade da semana foi o apoio do PSL a candidatura de Rodrigo Maia à presidência da Câmara. A declaração foi vista como um movimento pragmático e muito bem-vindo para aumentar as chances de uma boa relação com o Congresso nesse início de governo, especialmente por Maia ser favorável às reformas e ter bastante experiência com o expediente da Casa. Teve por resultado prático isolar a esquerda, já que o PT também tinha a intenção de apoiar o parlamentar e se vê forçado a apoiar a natimorta candidatura de Marcelo Freixo (PSOL-RJ).

No Senado, o PSL se recusa, compreensivelmente, a apoiar a candidatura de Renan Calheiros – seria um ônus político muito grande, sendo ele um dos mais associados à “velha política” e tendo apoiado a Haddad no segundo turno. Teria mais chances de vencê-lo se conseguisse derrubar o voto secreto nas eleições. Caso não, fica difícil – Renan é conhecido por cumprir acordos e defender a autonomia do Senado, o que confere aos senadores maior poder de barganha.

Na relação com o Legislativo, alguns líderes partidários se manifestaram profundamente contrários à proposta ventilada por Paulo Guedes de uma PEC para ampla desvinculação do orçamento. Deve ser enterrado pelo menos até uma eventual aprovação da Reforma da Previdência.

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