Carta Política #318

“Penso que o Lula foi excessivamente confiante no primeiro turno, presumindo que iria vencer com uma vantagem maior do que ele venceu”.

(Steven Levitsky, cientista político)

 

           As últimas pesquisas divulgadas apontam para um estreitamento, ainda marginal a nível nacional, entre as intenções de voto de Lula e Bolsonaro. A melhora foi capturada de forma mais sensível em Minas Gerais, onde o candidato petista obteve cerca de cinco pontos de vantagem sobre o presidente no primeiro turno. Algumas pesquisas apontam para uma inversão da vantagem, com Bolsonaro abrindo de cinco a dez pontos em relação a Lula.

            As movimentações podem ser fruto do apoio do governador reeleito Romeu Zema, engajado pela campanha de reeleição em seu estado, ou então das polêmicas quanto aos movimentos mais recentes do TSE. Caso elas se comprovem – ou ainda se manifestem em outros estados da federação, como São Paulo – caberá a Lula defender a considerável vantagem que obteve no primeiro turno.

            Há quem diga que Lula precisa reconquistar a classe média, fazendo compromissos mais firmes em direção à responsabilidade fiscal. Talvez a campanha petista tenha reconhecido aí uma oportunidade, haja visto o encontro entre Lula e Meirelles marcado para o início da semana que vem. Outros dizem que Lula precisa fazer compromissos mais incisivos de combate à corrupção. O ex-presidente tem dito que não cabe ao PT fazer uma autorreflexão, e que essa responsabilidade é da mídia e da oposição, que lhe tecem críticas o tempo todo.

            Caso os votos a serem reconquistados sejam realmente os da classe média, talvez seja uma estratégia acertada. Mas caso Bolsonaro tenha efetivamente avançado sobre as classes mais pobres, como algumas pesquisas sugerem, não será esse o discurso capaz de virar o jogo.

            O momentum claramente favorece as chances da reeleição. A cerca de dez dias do pleito, a eleição nacional parece continuar completamente aberta.

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