“Temos um partido totalmente focado na oposição. Se alguns membros tomaram a decisão de ir com o governo, serão afastados do partido”. (Ciro Nogueira, Presidente Nacional do PP)
Em Brasília, as expectativas são de que o novo marco fiscal seja votado na semana que vem. Em reuniões entre a Câmara e o Planalto, o governo vem se mostrando disposto a fazer uma reforma ministerial que viabilize essa votação e algumas outras pautas, antes da viagem de Lula à cúpula do Brics na África do Sul.
Para contar com uma base minimamente operacional na Câmara e conseguir evitar grandes surpresas, o governo precisa integrar ao corpo ministerial o PP e os Republicanos. Os dois partidos precisam ter as chaves de ministérios com capacidade de execução de emendas orçamentárias, de forma a fortalecer seus candidatos para as eleições municipais do ano que vem.
Em jogo, estão algumas pastas. O Ministério do Desenvolvimento Social, hoje sob comando de Wellington Dias, poderia ser entregue, assim como o Ministério dos Portos. Nesse arranjo, o comando do Bolsa-Família estaria de fora do acordo, e poderia ser abraçado pelo Ministério da Casa Civil. Além disso, o governo pensa em recriar o Ministério de Pequenas e Médias Empresas, para acomodar aliados que seriam defenestrados ao ceder alguma pasta para o Centrão. Também estão sobre a mesa de negociação os comandos da Caixa Econômica Federal, da Funasa e dos Correios.
O PP está dividido. Ciro Nogueira é presidente nacional do PP, e foi ministro da Casa Civil de Bolsonaro. Enquanto ele se opõe a uma união com o governo, Arthur Lira vê mais valor em se aliar neste momento. Para o Republicanos, o custo seria a provável perda do governador Tarcísio, hoje uma das maiores lideranças da oposição no país.
A magnitude de boa-vontade parlamentar com a qual o governo poderá contar irá depender da generosidade do governo no novo arranjo de pastas. A apetite arrecadatório da Fazenda prefere um Congresso apaziguado, diante dos desafios para zerar o déficit no ano que vem.