Carta Política #250

“Apesar das medidas excepcionais e da crise hidrológica que nós estamos vivendo, nós temos condições de garantir a segurança energética do País para 2021, mas, já adianto, vai exigir medidas excepcionais e também bastante atenção por parte de todos os agentes públicos”. (Bento Albuquerque, Ministro de Minas e Energia)

No início de maio, o governo já dava sinais de desconforto com o estado dos reservatórios no país. Desde outubro, o Brasil passou a acionar mais usinas termelétricas e a importar energia da Argentina e do Uruguai, contando com o início do período de chuvas.

Mas o regime hidrológico que vigorou até agora, na entrada do período seco, foi o pior em 91 anos de monitoramento, e os reservatórios estão em níveis criticamente baixos. A situação eleva sobremaneira os riscos de desabastecimento, e a situação de fragilidade energética tende a perdurar até 2022. Um crescimento mais acelerado da economia, eventuais atrasos nos investimentos atuais em geração, e uma seca que persista ao longo do período úmido no ano que vem são todos fatores que podem levar o sistema ao limite.

Uma reunião nesta semana do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico disparou o alerta mais severo, com o governo já contemplando a possibilidade, ainda remota, de instituir um racionamento de água ou energia. Algumas regiões têm usos múltiplos da água: irrigação, piscicultura, manutenção da navegabilidade de hidrovias e turismo – exigir a priorização da água para geração de energia poderia prejudicar diversos setores. O Operador Nacional do Sistema Elétrico prossegue com uma varredura em cada usina térmica instalada e em operação, para saber com quais recursos poderá contar.

Os prejuízos políticos para o governo em caso de racionamento podem ser bastante elevados. Em 2001, FHC viu sua avaliação positiva derreter de 33% para menos de 18%. Para além disso, o uso mais intensivo de térmicas eleva a tarifa de energia, e já contribuiu para pressionar o IPCA. Por fim, um eventual racionamento de energia poderá provocar mais uma recessão, às vésperas das eleições.

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