“A população e o Congresso devem ter claro que sem a reforma não há solução para os grandes problemas nacionais […] e que para isso é preciso muito mais do que redes sociais. Preciso do apoio de vocês”.
(Bolsonaro, em reunião com jornalistas)
Na semana, tivemos a costumeira polêmica em torno de decisões do governo, questões na Venezuela, e alguma discussão pública a respeito da reforma da Previdência.
Existia algum consenso no início da semana quanto ao desarranjo da articulação política do governo. Com a maior parte dos ministérios encabeçados por militares e a retórica do fim do “toma-lá-dá-cá”, os parlamentares estavam se sentindo desprestigiados. Chamados a se manifestar a respeito de uma reforma bastante difícil e impopular, ainda que essencial, não se sentiam particularmente motivados a entregar os votos. E os líderes partidários deram o recado: o governo não tem, hoje, condições de aprovar a reforma na Câmara.
Aparentemente, o recado foi entendido. O governo deu sinais de que irá ceder, liberando emendas parlamentares aos deputados fieis e aproveitando dos cerca de 15.000 cargos de confiança nos estados, vagos desde as eleições, para construir a sua base. Essa iniciativa começou ao longo da semana e ainda não rendeu frutos. Segundo políticos mais experientes, quando os presidentes de partidos pararem de ir à mídia dizer que não há votos suficientes, devemos entender que existe algum sentimento reformista na Câmara.
A grande frustração com relação à reforma foi a facilidade com a qual Bolsonaro parece estar disposto a diluir os efeitos fiscais embutidos na proposta inicial. Não bastasse seu filho Flavio já falar na sequência da apresentação da reforma dos “aperfeiçoamentos” necessários devido a algumas categorias estarem de fora da proposta, o próprio presidente admitiu a jornalistas a redução da idade mínima para mulheres e a flexibilização das regras do BPC. Obviamente, a reforma perfeita é a reforma possível, porém ao admitir esses recuos publicamente, o presidente basicamente os chancela, aumentando o escopo da diluição.
Na fronteira norte do país, a questão venezuelana segue provocando manchetes. O vice-presidente, general Mourão, se reuniu com os líderes da Colômbia e do Equador, e Bolsonaro deu coletiva junto com Guaidó, reconhecendo sua autoridade como presidente da Venezuela. As deserções militares em Caracas continuam, e apesar da instabilidade o regime não parece prestes a cair. A conferir.