Carta Política #410

“Nós vamos bater com ele (Lula) a redação e, ao fim da reunião de segunda-feira, nós estaremos prontos para divulgar”. (Haddad, sobre o corte de gastos)

 

           Após longas semanas de adiamentos, tudo indica que o pacote de corte de gastos será finalmente apresentado à sociedade até terça-feira da próxima semana. A ideia é que o plano da Fazenda, incluindo as negociações com o Ministério da Defesa sobre a previdência dos militares, seja mais uma vez submetido ao presidente. Caso Lula aprove o texto — o que é amplamente esperado após um longo período de idas e vindas —, Haddad poderá apresentá-lo aos líderes do Congresso e dar início à ampla divulgação à imprensa.

            A hesitação do presidente em aprovar as propostas gerou muitas críticas. O governo tem justificado o atraso argumentando que Lula precisa compreender os cortes em detalhes e preparar uma narrativa de ajuste fiscal que seja politicamente palatável — especialmente em um momento delicado da política nacional. No entanto, o mercado mantém um “retrogosto amargo”, refletindo a desconfiança em relação ao governo: a retórica combativa do Planalto contra medidas de ajuste alimenta a percepção de que, no fundo, o governo talvez não encare a responsabilidade fiscal como uma prioridade. De qualquer maneira, a proposta será apresentada como um esforço conjunto, combinando o funcionalismo público, os militares, os mais ricos, e os empresários.

            A expectativa é que o tamanho do pacote anunciado seja suficiente para garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal. As sinalizações da Fazenda indicam um impacto de aproximadamente R$ 70 bilhões em dois anos. Hoje, o ministro informou que o bloqueio de despesas no Orçamento deste ano será de cerca de R$ 5 bilhões. Com a arrecadação em linha com o previsto, Haddad declarou sentir confiança de que o governo cumprirá a meta de resultado primário deste ano, embora no limite inferior da faixa de tolerância — um déficit primário de até R$ 28,7 bilhões.

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