Carta Política #309

“As eleições presidenciais, não só no Brasil, são muito determinadas pela situação econômica. Quanto melhor a situação, maior a chance de reeleição de um presidente. A inflação joga contra a reeleição do presidente Bolsonaro. (…) O Auxílio Brasil de R$ 600 é uma medida com vistas a ter impacto eleitoral. Tem efeito, mas não se sabe o quão sustentável é”.

(Sérgio Praça, FGV-SP)

 

            A queda da rejeição do Presidente, mencionada na semana anterior, vem sendo confirmada pelas pesquisas mais recentes. Um misto de fatores importantes – dentre eles, talvez o maior deles representado pela queda da inflação – vem fornecendo um impulso importante para o projeto de reeleição, desconstruindo, aos poucos, a rejeição absoluta ao governo.

            Mesmo que os dados das pesquisas se confirmem, é difícil imaginar que ainda assim haja espaço para uma vitória de Bolsonaro. Em uma comparação simples, a rejeição ao Presidente hoje é maior do que a de Dilma na mesma antecedência das eleições, quando foi reeleita por margem muito estreita.

            Alguns fatos novos, no entanto, podem alterar o cenário. Nesta semana começa oficialmente o período de campanha. Lula, apesar de amplamente conhecido, irá ser reapresentado ao eleitorado brasileiro em sua nova forma, após um longo período de ausência política e uma distância de um ciclo eleitoral e meio do último governo petista. A campanha a respeito do ex-Presidente – tanto a promovida por seus aliados, como por Bolsonaro – deverá alterar as intenções eleitorais.

            A seu favor, Lula poderá trazer à memória o bem-estar generalizado da sua presidência. Ao fim de seu último ano de mandato, o ex-Presidente contava com favor generalizado entre o eleitorado, com popularidade recorde de mais de 80%.

            Contra ele, no entanto, pesará o legado pesado de sua prisão e da depressão econômica que se abateu sobre o Brasil de Dilma, discurso que tem potencial para reacender o sentimento antipetista dormente, mas ainda presente, sobretudo no eleitorado do Sudeste.

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