“Se tiver um clima no Parlamento, pelo o que tudo indica as duas pessoas, […] que nós temos simpatia devem se eleger, não vamos ter mais uma pauta travada, a gente pode levar muita coisa avante, quem sabe até ressurgir os ministérios”.
(Jair Bolsonaro)
Finalmente, chegamos na semana que antecede as eleições para as presidências da Câmara e do Senado. As sessões para as eleições acontecem ambas no dia 1º de fevereiro – às 14h no Senado e as 19h na Câmara.
O governo tem sido bastante transparente em demonstrar o seu desejo e empenhar das ferramentas das quais dispõe para influenciar os rumos que tomarão as eleições. O Presidente admitiu a recriação de ministérios, a partir da elevação de secretarias, e indicou planos de uma ampla reforma ministerial para acomodar novos aliados. O Planalto também tem empenhado emendas e demitido de alguns cargos de segundo e terceiro escalão nomes indicados por parlamentares ligados ao grupo de Rodrigo Maia.
Tudo isso parece estar surtindo efeito. Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) são os favoritos para presidir a Câmara e o Senado, respectivamente. A estratégia de seus mais fortes opositores, Baleia Rossi (MDB-SP) e Simone Tebet (MDB-MS), é a mesma: ressaltar a importância de se ter um Congresso independente e denunciar as tentativas de interferência do Executivo. Mas o poder da caneta presidencial deve falar mais alto.
Caso o pleito seja favorável aos desejos palacianos, podemos supor algumas hipóteses. Caso Bolsonaro efetivamente convide o Centrão a ocupar a esplanada dos Ministérios, o Presidente deverá estar efetivamente blindado de ameaças a seu mandato. Em contrapartida, sua disposição em retomar o presidencialismo de coalizão poderá favorecer a aprovação da agenda reformista. Arthur Lira já inclusive prometeu colocar em pauta a Reforma Administrativa no 1º trimestre deste ano.
O grande risco é, como sempre, o calendário. O espaço para fazer reformas profundas no estado é compacto demais diante da aproximação de 2022.