“E agora está provado que o povo não quer saber de PT, quer saber de governo, que é o que nós temos”.
(Gilson Machado, presidente da Embratur)
O Renda Brasil, o programa de transferência de recursos gestado para suceder ao auxílio-emergencial, foi enterrado pelo Presidente nesta semana. A proposta de financiamento da vez foi feita por Waldery Rodrigues, secretário especial da Fazenda, através da desindexação de alguns benefícios importantes por dois anos. Bolsonaro sepultou o programa e deu um “cartão vermelho” a qualquer um que propusesse o financiamento do Renda Brasil com restrições a outros benefícios sociais.
O gesto foi inicialmente interpretado como uma desautorização pública de Paulo Guedes, o que levou a especulações, mais uma vez, de que o Presidente tinha iniciado um processo de “fritura”. Ao longo do dia, o ministro da Economia tranquilizou o mercado dizendo que o cartão vermelho não era para ele. Difícil imaginar que seu secretário, no entanto, tivesse vindo a público fazer essa proposta sem o conhecimento de seu chefe.
Um dia após o entrevero, o senador Marcio Bittar, relator do Orçamento no Senado, disse que havia recebido sinal verde do Presidente para introduzir um novo programa social, que atenda a população após o fim do auxílio emergencial. Desconversando sobre de onde sairia o financiamento desse programa, a ideia é de que as discussões a esse respeito sejam feitas com discrição, e em um segundo momento.
O presidente certamente deseja introduzir um programa que possa chamar de seu, uma ampliação do Bolsa Família. As restrições orçamentárias, no entanto, são grandes. Entre a cruz e a espada, o risco é que o programa seja introduzido de qualquer maneira, e que a solução acabe passando por um desrespeito ao Teto de Gastos ou um aumento da carga tributária. Bolsonaro retomou os périplos de inauguração de obras pelo Nordeste, e foi até chamado de “guerreiro do povo brasileiro”. Certamente não quer arriscar sua força política por conta de questões de orçamento.
No mais, Bolsonaro também afastou, neste mandato, privatizações da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e da Casa da Moeda.