“Eu também sou passageiro no Brasil. Graças a Deus, né? Imagina ficar o tempo todo com esse abacaxi”.
(Jair Bolsonaro)
Nesta semana, tivemos uma maior aproximação entre o Planalto e o Congresso.
Consagrando a tentativa do governo de apaziguar os ânimos, o presidente, ao retornar de Israel, recebeu diversas lideranças partidárias no palácio. Representantes do PRB, PSD, PSDB, PP, DEM e MDB (195 deputados) se reuniram com Bolsonaro e sua equipe.
Os resultados foram inequivocamente positivos. Alckmin (PSDB) e Kassab (PSD) disseram que irão manter uma posição de independência em relação ao governo, e votar as reformas que considerarem importantes para o país. Ciro Nogueira (PP) reconheceu, após a reunião, que o presidente poderia contar com o apoio de seu partido. Esse é um bom termômetro de como o “Centrão”, que vinha atirando contra o Planalto por conta da “demonização da política”, está se sentindo um pouco mais confortável. O líder do PRB, Marcos Pereira, saiu da reunião com declarações de tom mais frio. Era também, dos partidos a visitarem o Planalto, o mais crítico aos ataques do governo contra a articulação política. ACM Neto (DEM) deu declarações otimistas, e até tirou uma foto abraçando ao presidente.
Guedes apareceu na CCJ para defender a PEC. Apesar da altercação ao final, na contenda com o deputado Zeca Dirceu (PT), saiu-se bem. A esquerda teve seu protagonismo, como desejava, mas o ministro foi enfático e claro em sua defesa da reforma. Existe ampla expectativa de que não haverá mais percalços nesta comissão, onde o processo deve se encerrar dia 17, e que a reforma deve estar submetida a ameaças apenas a partir da instalação da Comissão Especial.
Do lado negativo, depois dos ataques ao BPC e a proposta de reformulação da aposentadoria rural, a próxima parte da reforma que parece pronta para ser descartada é a capitalização. O governo admitiu a alguns interlocutores que essa proposta pode acabar ficando para o futuro.
No saldo geral, Bolsonaro parece ter decidido não dobrar a aposta. Em café da manhã com os jornalistas, disse que o que esse governo estava tentando fazer era absolutamente novo. Reconheceu os erros na articulação política, e constatou que queria errar rápido para acertar mais cedo.