Carta Política #147

“Não é palavra de uma pessoa que conduz uma casa. Brincar? Se alguém quiser que eu faça o que os presidentes anteriores fizeram eu não vou fazer. Já dei o recado aqui. A nossa forma de governar é respeitando todo mundo”.

(Jair Bolsonaro)

Encerra hoje uma semana repleta de ruídos políticos. O presidente e Rodrigo Maia trocaram recados pela imprensa a semana toda. De um lado, o presidente da Câmara reclamava da fraca articulação política do governo e dos ataques de seus correligionários; do outro, Bolsonaro dizia que não iria recorrer aos antigos métodos de negociação, a assim chamada “velha política”.

Como forma de fazer rememorar o poder da caneta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia desengavetou o antigo projeto da PEC do orçamento impositivo e fez aprovar em dois turnos no mesmo dia. O aspecto mais relevante dessa emenda é a imposição ao Tesouro do desembolso das emendas parlamentares. Retira do governo a possibilidade de influenciar o Congresso via transferência de recursos.

O partido do presidente, antecipando a derrota que sofreria, ajustou o discurso. Disse que a PEC rompe em definitivo com a política do “toma-lá-dá-cá” e é alinhada à retórica do presidente de respeito o Parlamento. Nos bastidores, sabe-se que é uma derrota para o governo. Declarações de alguns deputados parecem indicar que houve alguma negociação nos bastidores – após a aprovação na Câmara, o clima de conflagração arrefeceu. A PEC segue para aprovação no Senado.

Paulo Guedes resolveu faltar ao compromisso na CCJ, antecipando que, neste clima, seria bombardeado por todos os lados. A ausência não caiu bem, pelo que o ministro resolveu comparecer à Comissão de Assuntos Econômicos no Senado. Sua presença está agendada para a CCJ na 4ª da semana que vem. O presidente da comissão já indicou relator, também do PSL, e pediu mais cinco sessões, indicando que a votação deve ocorrer no fim da semana que vem ou no começo da próxima, abrindo espaço para a formação da Comissão Especial. Guedes e Maia disseram que estão alinhados, os conflitos entre governo e Câmara são página virada, e vão trabalhar para aperfeiçoar a articulação.

Neste fim de semana, o presidente fará uma viagem a Israel. No retorno, disse que irá encontrar Rodrigo Maia para discutir a reforma e o relacionamento entre Executivo e Legislativo.

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