“Não poderíamos mais continuar flertando com o Socialismo, com o Comunismo e com o Populismo e com o extremismo da esquerda. As urnas se abriram e nós fomos declarados vencedores deste pleito e o que eu mais quero é […] começar a fazer um governo a partir do ano que vem que possa realmente colocar o Brasil em um lugar de destaque.”
Jair Bolsonaro, no discurso de posse
Com 55,13% dos votos válidos, Jair Bolsonaro foi eleito à presidência da República no último domingo. Se comprometeu a seguir a Constituição e a montar um governo de notáveis, especialmente na economia. O mercado, como esperado, reagiu animado, dadas as sinalizações de seu bastante liberal ministro da Fazenda, Paulo Guedes.
Iniciada a semana, começam as sinalizações para o próximo governo e para a transição. Apesar de haver bastante especulação a respeito de uma eventual reforma da Previdência ainda neste ano, não houve nenhum compromisso formal nesse sentido ainda, apesar do fogo amigo de nomes como Major Olímpio, do PSL, que já se disse contrário. O presidente-eleito já montou uma equipe de transição, e quer reduzir a esplanada a 17 ministérios. Serão criados ministérios muito mais fortes para a Economia (que unirá Fazenda, Planejamento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços) e para a Justiça (que abarcará também Segurança Pública, Controladoria Geral da União e o Coaf). Hoje, Sérgio Moro aceitou o convite para assumir esta pasta.
Do lado da oposição, o PT se une para lamber as feridas e tentar retomar o protagonismo. Haddad está sendo cotado para ocupar alguma posição que lhe permita reter a visibilidade, provavelmente na presidência da Fundação Perseu Abramo. Mas as outras frentes de esquerda estão se movimentando para conquistar o pináculo dos opositores. Ciro Gomes concedeu uma entrevista na qual chancela a culpa criminal de Lula em processos e se esquivando de qualquer tutela por parte do PT. O PSB também parece ressabiado, após a derrota em São Paulo.
A vitória de João Dória, por sua vez, é presságio de mudanças para o PSDB. O governador eleito de São Paulo já deu indicações de que o partido deveria ter em sua liderança aqueles chancelados pelo voto, apesar do mandato da executiva atual, encabeçado por Geraldo Alckmin, só vencer ao fim de 2019. Seu desafio aberto ao antigo padrinho coloca em cheque a linha de centro-esquerda que o partido tomou desde sua fundação.