“Sei que pode parecer estranha para você essa história de trabalhar…”
(Meirelles para Boulos, no último debate dos presidenciáveis)
Na reta final para o primeiro turno, impressiona a aceleração das intenções de voto em Jair Bolsonaro. Na semana, ganhou 8 pontos na XP/Ipespe (36%), 3 pontos no Datafolha (35%), e 1 ponto no Ibope (32%). Considerando os votos válidos, que circulam entre 10-12%, e esperando que as abstenções se distribuam de maneira proporcional entre os candidatos, o presidenciável do PSL ainda precisa de cerca de 7-8% até domingo para liquidar a fatura já no domingo.
O candidato está claramente se beneficiando do movimento do voto útil. Se considerarmos que o eleitor “útil” está especialmente motivado a ir votar, é até esperado que a abstenção acabe se concentrando mais em quem não vota no ex-capitão, de forma que essa variável tende a beneficiá-lo.
Analisando os dados de cristalização do voto da pesquisa Datafolha, vemos também de onde poderiam vir os demais votos. Enquanto menos de 15% dos eleitores de Bolsonaro ou Haddad cogitam a possibilidade de trocar de candidato, esse número salta para 40% entre os eleitores de Alckmin (que são 8%) e Ciro (11%), e 60% dos de Marina Silva (4%). Se Bolsonaro amealhasse 3% dos votos tucanos, 1% do NOVO, e 1% dos demais, só precisaria de 3-4% dos indecisos para já vencer no dia 7.
Haddad, por outro lado, parou de crescer, segue confortável na segunda posição, mas empata nas simulações de segundo turno. Quem ganha com tranquilidade em um eventual embate solo contra Bolsonaro é Ciro Gomes (cerca de 6 pontos de vantagem), que faz campanha pelo voto útil da esquerda desde o meio de Setembro. Não vem tendo sucesso em sua empreitada por enquanto, mas não murchou como os demais.
A grande surpresa nas disputas estaduais foi a disparada de Romeu Zema (NOVO), candidato ao governo de Minas Gerais. Após declarar apoio tácito a Bolsonaro nas considerações finais de um debate, subiu de 9 para 15 pontos nas intenções do último Datafolha, ameaçando roubar a vaga no segundo turno de Fernando Pimentel (PT), que caiu de 24 para 21%. É, de longe, o único candidato do NOVO remotamente competitivo a cargo executivo no país. O partido se viu na incômoda posição de ter que exigir retratação pública pelo comentário por parte do candidato, que se disse “mal compreendido”. A ver.