“A polarização parece bem consolidada se avaliamos os índices de decisão de voto, que chegam a 78% entre eleitores de Lula e a 76% entre eleitores de Bolsonaro”.
(Felipe Nunes, Diretor da Quaest)
As semanas tem trazido boas notícias para o presidente, com algumas das últimas pesquisas apontando um estreitamento das diferenças de intenção de voto entre Lula e Bolsonaro.
Analisando os dados apontados pela Quaest, as intenções de voto em Lula nas últimas semanas seguem estáveis, entre 44 e 46 pontos. A de Bolsonaro é crescente, tendo subido de 21 para 31 pontos no mesmo espaço de tempo. Seu crescimento se dá majoritariamente às custas dos outros candidatos. Isso aponta para uma cristalização da polarização do eleitorado.
O crescimento de Bolsonaro se deu em todas as regiões, mas sobretudo no Nordeste. Lá, veio de uma mínima de 13 para 22 pontos na última pesquisa. Os votos bolsonaristas também estão vindo do público feminino, de onde subiu de uma mínima de 18 para a máxima recente de 27 pontos.
Tem sido comum atribuir a melhoria do humor do eleitorado em relação ao presidente à aprovação quase certa da “PEC das Bondades”. Mas é importante lembrar de dois fatores muito importantes: a queda do ICMS no preço dos combustíveis, que trouxe um alívio significativo na bomba; e o fato de a geração de empregos ter estado muito forte.
A taxa de desemprego cedeu 1,4 pontos em maio, para 9,8%. É a menor taxa em quase seis anos. É verdade que grande parte dos empregos gerados se deu na informalidade, e a renda média real do brasileiro cedeu 7,2% em termos reais em relação ao mesmo período do ano anterior. Mas são, sem dúvida, notícias excelentes em meio ao cenário de inflação alta e persistente. As expectativas apontam para a continuidade da força do mercado de trabalho para os próximos meses, o que pode continuar impulsionando a boa vontade da população em relação ao presidente.
Em suma, a robustez de Lula é real – mas os três meses que nos separam das eleições podem trazer muitas surpresas.