“Mais que o baixo desempenho nas pesquisas, apesar da intensa exposição, especialmente pós-previas, o que mais preocupa a estes líderes do partido é a altíssima e persistente rejeição que o candidato escolhido tem no seu próprio Estado, a 45 dias de deixar o mandato”.
(Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul)
O minguado desempenho de uma terceira via, diante do avanço do calendário eleitoral, dá voz a toda sorte de dissidências. Não surpreendem, portanto, os movimentos para substituição de candidaturas, especialmente dentro do ninho tucano. As disputadíssimas e controversas prévias do partido relegaram aos derrotados uma vitória amarga.
A favor do governador paulista está o apoio de grão-tucanos como Fernando Henrique Cardoso e José Serra, além da vitória – contestável ou não – nas prévias. Também ajuda a Dória o fato de ter como coordenador de sua campanha o presidente do partido, Bruno Araújo.
Contra Dória estão os números: sua gestão à frente de São Paulo é rejeitada por 38% dos paulistanos e seu nome, a nível nacional, não consegue superar o quinto lugar. Algumas pesquisas apontam que a aversão de parte do eleitorado ao governador paulista é de ordem pessoal, não guardando relação com a gestão estadual. Por fim, existe uma alternativa clara no ninho tucano: o governador gaúcho, capitão da ala rebelde do partido.
A revolta tucana foi consagrada em um encontro de partidários de Eduardo Leite nos arredores de Brasília nesta semana. Apontam que ainda há chances de fazer vigorar uma terceira via, convidando Simone Tebet, do MDB, a integrar a chapa. Diante de uma eventual decepção de alternativas como Sérgio Moro – o ex-juiz tem demonstrado alguma dificuldade em crescer nas pesquisas, além de um visível desconforto diante das câmeras – seria muito mais fácil consagrar o governador gaúcho como uma terceira via.
O evento chave para defenestrar a candidatura Dória seria a convenção partidária, a ocorrer em meados de julho. O governador ainda tem, portanto, um bom tempo para provar sua viabilidade eleitoral.