“Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim e eu tenho preço para isso. Eu vou negociar. Tem um preço para não ir até o fim. Imagina quanto custa. Quero que vocês pensem o que está em jogo no Brasil e quanto custa retirar a minha candidatura”. (Flávio Bolsonaro)
No fim da semana passada, de maneira surpreendente, o senador fluminense Flávio Bolsonaro anunciou que foi o escolhido por seu pai para liderar a direita e enfrentar Lula nas eleições do próximo ano.
A oposição vinha alimentando a expectativa de que Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, seria o ungido por Bolsonaro. Tarcísio é considerado um candidato com mais viabilidade, tanto por não ter uma ligação tão visceral com o clã Bolsonaro quanto pela boa avaliação de sua gestão no Palácio dos Bandeirantes. Com o apoio do eleitorado paulista, ele teria meio caminho andado para capitalizar a insatisfação com o governo federal e chegar competitivo ao pleito de 2026.
O anúncio da pré-candidatura de Flávio, no entanto, altera o cenário. Ter o sobrenome Bolsonaro à frente da oposição permite ao governo explorar a alta rejeição ao ex-presidente em benefício próprio. Além disso, o movimento, se confirmando, inviabiliza a candidatura de Tarcísio, fragmentando os votos da oposição entre direita e centro-direita.
Há muita especulação sobre a seriedade da postulação de Flávio. O próprio senador indicou, no fim de semana, que a retirada de seu nome teria um “preço”. É possível que a família esteja utilizando a candidatura como moeda de troca pela aprovação da anistia. Sentindo a pressão, na mesma semana, a Câmara aprovou o projeto de revisão da dosimetria penal, visto como um meio-termo entre a situação atual e a anistia plena, o que poderia reduzir a pena de prisão de Bolsonaro.
Neste momento, a força de Flávio está sendo testada pelos institutos de pesquisa. A sustentabilidade dessa manobra ficará mais clara nas próximas semanas, mas, por ora, as chances de uma candidatura de Tarcísio são claramente menores.
