“Diferentemente do alegado, ele [Bolsonaro] não foi tragado para o cenário das insurgências, ele é o causador, o líder da organização que promovia todas as formas de articulação alinhada pra que se chegasse ao objetivo da manutenção ou tomada do poder”. (Carmen Lúcia, durante seu voto)
Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado, em uma decisão de 4 votos a 1. A sentença por este e outros crimes também o tornou inelegível até 2062.
O resultado já era amplamente esperado. A grande surpresa foi o voto dissidente foi do ministro Luiz Fux que, antes mesmo do julgamento, disse que considerava que o Supremo era incompetente para fazer o julgamento. Posteriormente, votou pela inocência do ex-presidente de todos os crimes a ele imputados.
A falta de unanimidade dividiu opiniões. Alguns analistas lamentaram a ausência de um placar unânime, que passaria uma mensagem mais forte, enquanto outros viram na dissidência uma prova de isenção, o que enfraqueceria a narrativa de perseguição política.
Juridicamente, o voto isolado de Fux não deve permitir um recurso ao plenário do Supremo, mas municia os apoiadores do ex-presidente que pressionam pela aprovação de um projeto de anistia no Congresso. A temperatura do projeto voltou a esquentar, e deve ser levado à votação do Congresso.
O presidente dos EUA, Donald Trump, criticou a decisão, e o secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que o país tomará as medidas necessárias diante do que classificou como “caça às bruxas”, ainda que não tenha especificado se pretendia propor sanções individuais ou coletivas.
No cenário nacional, a condenação cristaliza um embate entre Tarcísio de Freitas e o presidente Lula para a eleição de 2026, já que é improvável que uma eventual anistia restitua os direitos políticos de Bolsonaro a tempo.