“O que mais credencia o Tarcísio é a chance de vitória. A única pessoa que não pode perder essa próxima eleição é o Bolsonaro, e ele não vai arriscar. Tire as conclusões. O Tarcísio é candidato, se tiver o apoio do Bolsonaro”. (Ciro Nogueira, presidente do PP)
Nesta semana, teve início o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado. Há ampla expectativa de que o ex-ocupante do Planalto seja considerado culpado e condenado.
O julgamento é relevante por dois motivos: o impacto direto nas eleições do próximo ano e as ameaças da Casa Branca contra o Brasil.
Nesse contexto, uma fala do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, foi interpretada como um aceno à anistia. O ministro afirmou que não existe anistia antes do julgamento, mas que, depois, isso passaria a ser uma “questão política”. Talvez por isso o clima no Congresso tenha mudado significativamente.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, esteve em Brasília e defendeu publicamente que os parlamentares aprovassem um projeto de anistia. A expectativa é que a proposta receba os votos necessários — maioria simples nas duas casas — para ser aprovada, caso seja efetivamente apresentada. Há alguma resistência na presidência das Casas.
Esse arranjo interessa à direita e ao STF. Os direitos políticos de Bolsonaro já estão cassados por outro processo, o que significa que a anistia não reverteria sua inelegibilidade, abrindo espaço para um nome da direita com menor rejeição, como o próprio Tarcísio. Além disso, poderia amenizar a pressão do governo americano, o que seria conveniente ao STF e talvez contribuísse para a reversão de sanções comerciais
Muitos veem nas falas recorrentes de Lula, de que só disputaria nova eleição se estivesse bem de saúde, um sinal de recuo. Com a popularidade em baixa, ele poderia evitar entrar numa disputa sem garantia de vitória, especialmente contra um adversário de perfil mais moderado.