“Trocou seis por meia dúzia. É a mesma coisa. É do PT, da confiança dele, tem que torcer para dar certo. Pode surpreender. Pior que Padilha não pode ser porque Padilha foi horrível. Quem sempre resolveu a vida do governo no Senado foi Jaques Wagner”. (Líder do Centrão, ao Valor)
A ex-presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi escolhida como a nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais, após a saída do ocupante anterior para assumir o Ministério da Saúde.
Havia a expectativa de que, diante do desgaste do governo ao longo da primeira metade do mandato de Lula, o presidente finalmente implementaria uma verdadeira frente ampla, convidando integrantes de partidos do centro para a Esplanada. No entanto, ao demitir Nísia Trindade da Saúde, acomodar Alexandre Padilha na pasta e alçar Gleisi ao cargo de articuladora política, Lula frustrou as expectativas de uma maior conciliação.
Gleisi não é exatamente conhecida por sua diplomacia. Enquanto presidente do PT, fez sucessivas críticas ao Banco Central, chegando a atacar até o atual presidente da instituição, nomeado por Lula. Também reprovou duramente as políticas de Haddad voltadas ao saneamento fiscal das contas públicas. Sua postura foi ainda mais combativa com figuras da oposição: chamou Ciro Nogueira, presidente do PP, de “chupim de governos” e se referiu ao ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, como um “ditador” a serviço de Bolsonaro.
É verdade que antigos adversários podem se tornar aliados por conveniência política — a presença de Geraldo Alckmin na vice-presidência que o diga. No entanto, espera-se que um governo enfrentando queda acentuada na popularidade e dificuldades para aprovar projetos no Congresso busque ampliar sua base de apoio. A reforma ministerial, ao menos até agora, parece seguir na direção oposta.