“O povo escolheu Lula para governar o Brasil, o povo do Amapá e o Senado me escolheram para liderar o Congresso. Então, meu compromisso é ajudar em tudo que o senhor deseje, presidente Lula”. (Davi Alcolumbre)
Este ano se iniciou sob os efeitos de escolhas políticas feitas no fim do ano passado, quando o presidente decidiu não cacifar as propostas de ajuste fiscal feitas por Haddad. O ministro da Fazenda alertou Lula dos riscos de seguir por onde foi, e agora o governo colhe os frutos dessas escolhas. A alta do dólar bateu na inflação, o descrédito resvalou na economia e o presidente desfruta da maior desaprovação desde o início deste mandato.
No polo oposto, tendo vencido as batalhas fiscais até então, está o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Defende a tese de que o governo acumula derrotas por atritos na comunicação, e não por erros de percurso. É uma tese mais confortável, que coloca a culpa da crise sob outras pessoas, atribui tudo a uma questão de percepção, e que, mudando a opinião pública sobre os fatos, tudo estará resolvido. Essa ideia se refletiu na troca do comando da secretaria de Comunicação.
Resta saber qual caminho Lula seguirá daqui para frente. Se não há disposição no Planalto para uma correção de rota, é improvável que o Congresso ofereça alguma solução. Nem o novo presidente do Senado, nem o da Câmara demonstram interesse em cortar gastos ou aumentar a arrecadação. Inclusive, Hugo Motta, atendendo ao pleito do STF para ajustar o número de parlamentares de cada estado conforme o último Censo, propõe aumentar o número de deputados na Câmara, em vez de redistribuir as cadeiras atuais.
Essa atitude perdulária pode refletir a indisposição dos líderes em impor austeridade ao Orçamento, que só deverá ser apreciado em março, após o Carnaval. Ajustes mais fiscalistas? Quem sabe, em 2027.