Carta Política #407

“[O PT precisa adequar o discurso] ao mundo do trabalho que não é só a carteira profissional assinada, é o cara que quer trabalhar de home office, que quer ser pequeno empreendedor, que quer ter um pequeno comércio”. (Lula, sobre as eleições municipais)

 

                   Passado o primeiro turno, podemos tirar algumas conclusões do pleito. Primeiramente, a incumbência teve bastante peso: o maior controle do Congresso sobre o orçamento público fez-se valer. A taxa de reeleição nas cidades mais beneficiadas pelas emendas parlamentares foi mais alta do que no restante do país, podendo chegar até a 94,6% a depender dos resultados do segundo turno.

                    Caso o Congresso consiga manter a ascendência sobre o Orçamento, podemos depreender que a taxa de recondução parlamentar em 2026 tende a ser elevada, o que deve resultar em um Parlamento com características bastante semelhantes às atuais.

                  As eleições municipais são menos ideológicas, mas ainda assim é notável que os partidos de esquerda perderam prefeituras (passaram de 852 para 742), enquanto a direita avançou (de 2.502 para 2.626) e o centro apresentou leve queda (de 2.143 para 2.103). O grande vencedor dentro da direita foi o PL, partido de Bolsonaro, que conquistou 512 prefeituras. O PT também cresceu, passando de 182 prefeitos eleitos em 2020 para 248 neste ano.

                  Pelo centro, o grande vitorioso foi o PSD, de Gilberto Kassab, que terá pelo menos 882 prefeituras, o maior número do país. Pela direita, o envolvimento de Tarcísio foi capaz de sobrepujar Marçal e alçar Nunes ao primeiro lugar. A força de Lula como cabo eleitoral também não pode ser desprezada, que emplacou Boulos, um candidato que sofre alta rejeição, no segundo turno da capital paulista. O presidente vem desenvolvendo um diagnóstico sobre os motivos pelos quais o partido perdeu a preferência do eleitorado.

                  As chances de uma virada em São Paulo parecem bastante reduzidas, após as primeiras pesquisas do segundo turno. Convém avaliar como o atual prefeito irá administrar a sua vantagem ao longo das próximas semanas.

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