Carta Política #406

“Estou torcendo por você como se fosse minha própria candidatura”. (Lula, sobre a candidatura Boulos em São Paulo)

 

                 Neste domingo, a população vai às urnas para definir quem serão os prefeitos pelos próximos quatro anos. Embora seja um equívoco considerar disputas locais como determinantes para os resultados de 2026 — afinal, as eleições municipais tratam de questões específicas da política local, e dois anos ainda representam um intervalo considerável na política —, as eleições paulistanas servirão como termômetro da popularidade presidencial na maior capital do país.

                 O apoio do PT e de Lula a Guilherme Boulos foi costurado ainda em 2022, quando o presidente prometeu ao PSOL seu respaldo na campanha municipal, em troca da desistência de Boulos de concorrer ao governo do Estado, apoiando Fernando Haddad. Ignorando muitas críticas internas ao PT, Lula não apenas desautorizou uma candidatura própria de seu partido, como também se envolveu diretamente na disputa paulistana. Destinou ainda R$ 30 milhões do fundo eleitoral do PT à campanha de Boulos e facilitou o retorno de Marta Suplicy ao partido, uma medida polêmica, mas vista como forma de fortalecer a chapa com a popularidade da ex-prefeita.

                 Em 1º de maio, Lula chegou a ser multado por pedir voto antecipado para Boulos em um ato de governo. O envolvimento do atual presidente na campanha pela prefeitura de São Paulo é significativo, e o desempenho de Boulos será visto como uma medida da influência de Lula como cabo eleitoral na cidade, algo que atrairá atenção de todo o espectro político.

             O resultado terá também implicações para o governador Tarcísio de Freitas. Considerado o candidato natural do bolsonarismo para a presidência em 2026, o governador paulista enfrenta a concorrência do outsider Pablo Marçal na disputa pelo controle do eleitorado de direita.

              A eleição municipal de São Paulo tem, portanto, relevância para ambos os lados do espectro político. Além de influenciar a política local, os desdobramentos dessa disputa poderão ecoar nas eleições gerais de 2026, impactando as estratégias e a percepção de forças políticas tanto da esquerda quanto da direita.

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