Carta Política #402

“O Arthur, muito pragmático e correto, fez uma análise política. Ele disse que eu precisaria unificar o meu bloco para reunir as condições para ele me apoiar”.  (Marcos Pereira, presidente do Republicanos)

 

            A eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, no ano que vem, estava dividida entre diversas candidaturas. A unificação do bloco dos Republicanos ao redor do Hugo Motta tem tudo para torná-lo pleno favorito à sucessão de Arthur Lira no ano que vem – não desagrada demais a ninguém.

            Arthur Lira sai ganhando: ao já antecipar seu apoio a um nome, ele transfere seu capital político ao sucessor. Desta forma, garante influência política suficiente para se proteger, no futuro, contra eventuais investidas contra si, tão comuns aos ex-presidentes da Câmara na história recente.

            Para o governo, a costura da nova liderança se deu pelo PSD e alas do MDB, dois dos partidos mais próximos ao Planalto. Lula achou de bom tom obter a referência de Marcos Pereira, que desistiu de sua candidatura em favor de Motta. Ao não se opor, o governo espera ajuda do novo presidente da Câmara para encontrar os R$46 bilhões necessários de arrecadação extra para fechar o orçamento do ano que vem.

            Bolsonaro também não apresentou ressalvas ao nome. Comandando a maior bancada da Câmara, os 99 deputados do PL, o bolsonarismo se recusou a avalizar o nome de Pereira. O endosso a Motta, em contrapartida deve render ao partido uma posição privilegiada na mesa diretora.

            Com a coroação de jovem paraibano, fica aberta a janela para uma reforma ministerial que possa dar mais apoio ao governo na segunda metade deste mandato. O deputado, de apenas 34 anos, representa um novo Centrão, menos belicoso na política, mas plenamente ciente – e protetor – do empoderamento do Legislativo ao longo da última década.

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