Carta Política #374

“Na capital de São Paulo é uma coisa muito especial. Uma confrontação direta entre o ex-presidente e o atual presidente, é entre eu e a figura”.

 (Lula, sobre as eleições municipais deste ano)

 

                    A articulação para as eleições municipais deste ano começou cedo. Poucas semanas após o início do ano, o tabuleiro eleitoral já estava em movimento. Em São Paulo, uma manobra do PT retirou Marta Suplicy do gabinete da prefeitura, atualmente sob a gestão de Ricardo Nunes do MDB. A intenção é que ela se filie ao PT e concorra ao lado de Guilherme Boulos pela prefeitura paulistana.

                   As eleições municipais são particularmente importantes no interior do país, pois garantem influência política importante para as eleições gerais, especialmente para a eleição de deputados. Atualmente, há uma expectativa de que Lula se candidate à reeleição em 2026. Se ele mantiver uma popularidade razoável até lá, a vantagem do incumbente deve ser suficiente para assegurar sua recondução ao cargo.

                   Com a expectativa de permanecer no poder, o PT busca eleger um Congresso mais favorável. Em 2023, a taxa média de aprovação dos projetos de iniciativa do governo foi de apenas 38%, um contraste significativo com os mais de 60% alcançados nos primeiros anos do primeiro e segundo mandatos de Lula.

                   À luz deste cenário, e em meio a uma eleição mais acirrada, os esforços intensificados tanto pelo governo quanto pela oposição para as eleições municipais podem ser compreendidos. Resta saber se a polarização, que foi marcante em 2022, continuará este ano. O Planalto já sinalizou que vê as eleições paulistanas como um confronto entre Lula e Bolsonaro.

                    Se os resultados eleitorais forem realmente polarizados, isso indicará que o ânimo do eleitorado permanece agitado. Neste caso, a própria reeleição de Lula em 2026 poderia começar a ser questionada. A margem eleitoral com a qual ele foi eleito foi estreita, e se o eleitorado estiver mais inclinado a votar de acordo com linhas ideológicas, a vantagem do incumbente pode ser menos decisiva do que no passado.

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