“Eu acho que muitas vezes o mercado é ganancioso demais e fica cobrando a meta que eles acreditam que vai ser cumprida. Então, eu sei da disposição do Haddad, sei das vontades do Haddad, sei da minha disposição, e quero dizer para vocês que nós dificilmente chegaremos à meta zero, até porque eu não quero fazer cortes em investimentos e obras”.
(Lula)
Após meses de muito trabalho por parte da equipe econômica do governo federal para tornar crível o esforço da perseguição da meta fiscal de déficit zero, o presidente Lula, em conversa com jornalistas, descredibilizou o esforço fiscal, ao dizer que um déficit maior não faria diferença. É um constrangimento para o ministro Haddad e para a equipe econômica do governo.
É também, provavelmente, uma concessão ao Centrão. Um contingenciamento de despesas em 2024 acabaria, pelo mecanismo do texto, avançando sobre as emendas não impositivas concedidas aos parlamentares. Cortar despesas desta natureza em ano eleitoral era uma medida que sofria muita resistência por parte do Congresso.
Com a chancela presidencial, abriu-se espaço para a apreciação da Lei de Diretrizes Orçamentárias para o ano que vem. Abre também alguma margem de flexibilização, por parte do Congresso, ao analisar as medidas de ajuste fiscal. O esforço arrecadatório será tratado como um tema de importância um pouco menor.
É um revés para Haddad, em favor da ala mais desenvolvimentista do partido, como a presidente do PT Gleisi Hoffman. O desejo desses segmentos do partido é que o ajuste fiscal seja conduzido de maneira mais lenta, de forma a não prejudicar demais a trajetória de crescimento do país.
Alguns expoentes do governo, incluído aí o próprio Presidente, tem manifestado preocupação com o cenário externo mais desfavorável e o possível impacto disso para o Brasil. As taxas elevadas de juros nos Estados Unidos, além do crescimento menor na China, podem ter impacto negativo na trajetória de crescimento do país.