“Eu estou olhando para esse desafio do petróleo na foz do Amazonas do mesmo jeito que olhei para Belo Monte. É altamente impactante, e temos instrumentos para lidar com projetos altamente impactantes […]. O instrumento da avaliação ambiental estratégica, […] serviu para que evitássemos […] algumas rodadas altamente polêmicas de petróleo”.
(Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente)
Nesta semana, o Ibama negou a solicitação da Petrobras para perfurar um poço exploratório em águas profundas no Amapá. Esse fato já era antecipado, dado que em parecer divulgado na semana passada, o Ibama já havia se posicionado contrariamente ao projeto. A petroleira já disse que irá pedir ao órgão que reconsidere. O projeto coloca de lados opostos a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; e a Petrobras junto ao Ministério de Minas e Energia, além de alguns políticos amapaenses.
A grande preocupação da ministra dá tanto pela sensibilidade do ecossistema próximo, pelo seu papel crítico na preservação do ambiente, como pela distância de grandes centros que pudessem ser capazes de dar pronta resposta a algum acidente exploratório. Do outro lado, a Petrobras quer manter sua produção de petróleo em crescimento, dado que se aproxima o declínio natural das reservas do pré-sal, além de haver grandes expectativas para a Margem Equatorial, dadas as descobertas recentes nas Guianas.
Por trás, também existe o desejo por parte dos ambientalistas de que o Brasil não cresça na produção de petróleo e outros combustíveis fósseis, dado o grande potencial de geração de matriz limpa do país. O Congresso vem se posicionando mais firmemente ao lado da Petrobras, e modificou a MP da reestruturação do governo na Câmara para tirar atribuições do Ministério do Meio Ambiente, em clara retaliação à ministra.
Em 2023, Lula se depara novamente com um dos episódios de maior desgaste de seu governo, com a demissão de Marina Silva em 2008. Resta saber quem levará a vitória desta vez: desenvolvimentistas ou ambientalistas.
