“A gente também não pode correr risco de anunciar coisa que não vai acontecer. Então a minha sugestão, para que as coisas fiquem bastante corretas, coesas e harmônicas, é que ninguém anuncie nada, absolutamente nada que seja novo sem passar pela Casa Civil”.
(Lula, na abertura de uma reunião ministerial)
O novo governo ocupa Brasília há alguns meses, e ainda está em fase de organização e de agenda. Enquanto decide pautas importantes para prosseguir, e com a abundância de ministérios que habitam a esplanada, alguns ministros fazem propostas que podem ser pouco exequíveis.
O ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), anunciou há alguns dias que o governo iria implementar um programa para vender passagens de avião por R$ 200. A ideia pegou as associações e empresas de aviação de surpresa, dado que o governo disse que não iria ele mesmo financiar a diferença de valor, mas que seria uma negociação coletiva.
Já Carlos Lupi (PDT), ministro da Previdência, pautou na reunião do Conselho Nacional da Previdência Social a queda do teto máximo de juros praticados para empréstimo consignado do INSS de 2,14% para 1,70% a.m., considerando os juros praticados pelos bancos “criminosos”. Diversos bancos, inclusive os públicos, decidiram suspender as operações de empréstimo nesta modalidade. A Febraban alega que devido aos altos custos de captação, a concessão desse produto nesses termos não é rentável. Líderes próximos ao PDT escalaram então o tom, pedindo pela exoneração das presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
A verdade é que há muita ansiedade no núcleo do governo em anunciar medidas, mas a desorganização e a pressa do governo em seus primeiros meses são evidentes. Cabe um freio de arrumação.