“[Irei até] as últimas consequências, dentro das quatro linhas da Constituição, para fazer valer o que nós constatamos”.
(Bolsonaro, em pronunciamento no Planalto, acusando os adversários de serem beneficiados injustamente por algumas mídias)
Teremos eleições neste fim de semana, mas as intenções dos eleitores ainda não indicam amplo favoritismo para qualquer dos lados. A leve vantagem capturada por Lula nas pesquisas é estreita o suficiente para poder ser “consumida”, a depender da margem de erro, das características da abstenção ou de eventuais acontecimentos capazes de alterarem o desfecho final, como o debate que acontecerá hoje à noite.
Em geral, o comparecimento aumenta de acordo com a classe social do eleitor. Desta forma, índices maiores de abstenção prejudicam a campanha de Lula. A favor do ex-presidente, temos o feriado do Servidor Público, que ocorre hoje e pode favorecer a abstenção em grupos mais pró-Bolsonaro. Campanhas muito polarizadas como a atual tendem a reduzir a abstenção em todos os cortes. Por fim, cerca de 60% do eleitorado do Nordeste terá segundo turno, o que favorece o comparecimento em um grupo no qual o ex-presidente é proporcionalmente forte.
A favor de Bolsonaro, temos as máquinas estaduais do Sudeste trabalhando intensamente para virar os votos, particularmente em São Paulo (para ampliar a vantagem do presidente) e em Minas Gerais (para ao menos neutralizar a vantagem de Lula).
Algumas simulações da ordem de apuração das urnas apontam que mesmo que Lula vença as eleições, Bolsonaro pode liderar a contagem de votos até que cerca de 90% das urnas estejam apuradas. Caso o desdobramento da apuração se dê com este contorno, particularmente com uma margem muito estreita a favor do ex-presidente, certamente haverá quem diga – sobretudo Bolsonaro – que as eleições não foram justas, o que poderá trazer ruídos para a sucessão.