Carta Política #316

“Em algumas pesquisas, falta muito pouco para Lula atingir mais da metade dos votos, em outras, ele passa um pouquinho. Então não conseguimos ter certeza se ele vai conseguir ter esse número de eleitores ou não no dia da votação”.

(Carolina Botelho, Cientista Política)

 

            No fim de semana, teremos o primeiro turno das eleições. As pesquisas indicam que teremos um dos Congressos de mais baixa renovação da história, com os deputados sabendo fazer uso do fundo eleitoral para consolidar seus espaços e apenas 1/3 dos Senadores estarem deixando a casa. Caso essa expectativa se confirme, o perfil atual do Parlamento – majoritariamente de centro-direita, com a esquerda e a centro-esquerda detendo juntas aproximadamente 1/4 dos assentos – deverá se repetir.

            As pesquisas também indicam uma chance razoável, ainda que minoritária, de que a eleição presidencial se resolva no primeiro turno. As últimas semanas vinham capturando um movimento de voto útil em direção a Lula, principalmente por parte dos eleitores de Ciro. Esse fluxo parece ter esgotado. A esperança do PT de que o debate ocorrido ontem favoreceria a “onda Lula” não parece ter se materializado, dado que Tebet e Ciro Gomes tiveram um desempenho superior ao dos principais candidatos.

            Caso a eleição presidencial não se encerre neste fim de semana e a vantagem de Lula sobre Bolsonaro seja significativa – algo superior a 5 ou 6 pontos – é difícil imaginar que um cenário no qual o Presidente consiga reverter o quadro e sair na frente no segundo turno. Os votos ao alcance de Bolsonaro são principalmente os eleitores de Tebet e Ciro. A rejeição ao atual ocupante do Planalto entre eles é bastante elevada. As pesquisas apontam que os eleitores de Simone se dividiriam ao meio dentre os dois, mas a maioria dos eleitores de Ciro migraria para Lula.

            Caso a diferença entre os dois seja pequena, no entanto, a incerteza quanto aos resultados deverá prevalecer até o dia do segundo turno. Primeiramente, porque apesar de consolidado, o cenário ainda está aberto a mudanças marginais e, em segundo lugar, porque um resultado dessa natureza serviria para colocar o poder preditivo das pesquisas em descrédito.

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