Carta Política #297

“Está achando ruim essa composição do Congresso? Então espera a próxima: será pior. Temos algumas poucas cabeças boas aqui. É necessário juntá-las, onde quer que estejam, e fazê-las trabalhar num rumo só: para a frente”.

(Ulysses Guimarães)

 

            Para além das discussões quanto à corrida presidencial, importa muito – talvez até mais – a composição da próxima legislatura. Para refletir a respeito de como será a composição do próximo Congresso não dispomos de pesquisas, mas ainda assim podemos lançar mão de algumas ferramentas.

            Para começar, provavelmente teremos uma Câmara menos fragmentada do que a atual, com menos partidos estando lá representados. As regras progressivamente mais duras para acesso aos recursos do fundo partidário devem se refletir em fusões e federações partidárias, refletindo-se finalmente em um Congresso menos fragmentado.

            Para além disso, existem dois efeitos observados na maior parte das eleições brasileiras. O primeiro deles é o do puxador de votos – uma candidatura presidencial forte faz mais parlamentares. Outro é o efeito inercial, que costuma favorecer a reeleição e a força continuada de legendas robustas.

            Essas circunstâncias devem se refletir em uma bancada forte para o PT e para o PL. Em 2018, o PT elegeu 54 deputados, no resultado mais fraco desde a redemocratização. O partido deve ser beneficiado pela competitividade da candidatura Lula neste ano (em 2010, o PT elegeu uma bancada de 86 deputados) e pelo esvaziamento de outras legendas menores. O PL nunca teve candidatura presidencial competitiva, mas sempre fez em torno de 30 deputados. Deve eleger um número maior neste ano, puxado por Bolsonaro. Entre os partidos independentes, é esperado que o União Brasil consiga fazer uma bancada de ao menos 30 deputados.

            No geral, a composição do Congresso deve ser similar: uma quantidade um pouco maior, mas distante da maioria, de parlamentares da centro-esquerda, principalmente pelo PT; junto a uma força maior da centro-direita, principalmente por meio do PL e do União Brasil. Esse crescimento deve se dar às custas dos partidos pequenos.

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