“Nós temos que ter os olhos abertos para enxergar e ter a humildade de entender que ele [Lula] é hoje aquele que melhor reflete o sentimento de esperança do povo brasileiro”.
(Geraldo Alckmin, no evento de sua filiação ao PSB)
O governador Geraldo Alckmin se filiou ao PSB nesta semana, após mais de trinta anos no PSDB. Foi um movimento bastante antecipado pela mídia política no país, que previu sua filiação e presença na chapa presidencial petista, mais de quinze anos após disputar a própria presidência com Lula em 2006.
É difícil explicar a aliança em termos ideológicos, especialmente após o tom dos ataques do ex-tucano contra Lula na última disputa presidencial, quando o chamou de criminoso. Sua filiação suscitou uma avalanche de acusações, pela direita e pela esquerda. A própria base petista se posicionou de forma contrária ao movimento. Gleisi Hoffmann veio então a público, e justificou a aliança como uma necessidade democrática, fundamental para fazer frente à ameaça autoritária representada pelo atual governo. Resta saber se Alckmin será capaz de mobilizar a base antipetista de São Paulo a olhar para o ex-presidente com outros olhos.
Para que a aliança seja concretizada, ainda será necessário o desatamento de alguns nós estaduais. No Espírito Santo, no Rio Grande do Sul e em São Paulo, ambos os partidos desejam lançar candidato, e que o outro partido faça apoio. Aqui, a disputa se dá entre Haddad e Márcio França. Nenhum dos partidos parece disposto a abrir espaço.
No mais, o PT tem sido mais vocal quanto ao seu programa econômico. Ainda não cita nomes para o governo, mas tem marcado posição em alguns pontos. O primeiro deles é o teto de gastos – na opinião do partido, a emenda está desmoralizada e é desnecessária diante da Lei de Responsabilidade Fiscal. O segundo é o preço dos combustíveis – o presidente vem reiterando que a política de paridade de preços com o mercado internacional serve apenas aos interesses dos acionistas estrangeiros. O segundo ponto, em particular, encontra bastante eco popular.