“Vamos ter que enfrentar o problema do choque hídrico, isso vai causar perturbação, empurra inflação um pouquinho pra cima, BC tem que correr um pouco mais atrás da inflação, mas nós vamos enfrentar essa crise”.
(Paulo Guedes)
A popularidade do governo está em um de seus piores momentos. O presidente sofre desgaste por conta de diversos fatores: a percepção de incompetência no manejo da pandemia, a aceleração dos índices de inflação, a crise hídrica e a antecipação do debate eleitoral.
O Centrão percebe a fragilidade do governo e pede mais espaços de poder, buscando extrair o máximo possível do Planalto conforme se aproxima o período eleitoral. A fritura de Guedes é evidente nesse momento, sendo acusado de ser insensível ou até incompetente. O movimento é mais no sentido de desmembrar parcelas do superministério da Economia do que de retirá-lo da função de ministro da Fazenda.
O ministério da Economia ainda abarca as antigas pastas do Planejamento, da Indústria e do Comércio Exterior, que poderiam ser distribuídas a aliados. Além destas, estão em jogo o Ministério do Desenvolvimento Regional (cujo Ministro atual, Rogério Marinho, deverá deixar em breve para disputar o Senado ou o governo do Rio Grande do Norte) e o de Minas e Energia, com o atual ocupante desprestigiado por conta da possibilidade de racionamento.
Mesmo pedindo mais espaços, as reformas econômicas teimam a avançar – em parte por conta da complexidade do tema, em parte pelo grande volume de pautas sendo discutidas paralelamente. A questão dos Precatórios parece estar se encaminhando para uma solução proposta pelo Judiciário, que não precise passar pelo Legislativo. A reforma do Imposto de Renda foi colocada novamente em banho-maria – claramente enfrenta muita oposição neste momento, e ficou em compasso de espera. E a reforma administrativa, apesar de contar com algum apoio, vai tendo sua janela de oportunidade consumida pelo calendário, novamente pelo risco de melindrar os servidores públicos em véspera de ano eleitoral.