“Pesa para a União, mas nós sabemos da dificuldade da nossa população. Então a equipe econômica já praticamente bateu o martelo nesse novo Bolsa Família a partir de dezembro, de R$ 300 em média”. (Jair Bolsonaro)
O IPCA atingiu, em maio, mais de 8% acumulados em doze meses. É um índice bastante alto, apesar de bastante contaminado pela base comparativa: afinal, nos doze meses encerrados em maio do ano passado, o índice acumulava alta de menos de 2%. Ainda assim, preocupa pela natureza da alta.
O vetor mais pernicioso se manifesta nos preços dos alimentos, que sofreram um choque duplo com a alta das commodities e a depreciação do real. Soma-se a isso a alta dos combustíveis e do gás de cozinha, ambos itens essenciais. Por fim, o regime hidrológico mais desfavorável já contrata uma alta relevante no preço da energia ao longo deste ano e do próximo.
Todos esses fatores são desastrosos para as famílias. O orçamento, especialmente entre os mais pobres, é muito mais comprometido pelo consumo de itens essenciais. Além disso, é justamente entre os mais vulneráveis que se concentrou a maior parte da destruição de vagas.
Às vésperas das eleições, isso começa a preocupar o governo, que segue com a popularidade em baixa. Nessa semana, o presidente pediu aos varejistas que fizessem um esforço para não repassar a alta dos preços aos produtos da cesta básica. Também indicou uma alta mais agressiva do que o antecipado para os valores do Bolsa Família, que poderá ser rebatizado como “Alimenta Brasil”. Alguns rumores também dão conta de pressões internas para que Guedes encontre espaço para um reajuste nos salários dos servidores.
O espaço fiscal que está sendo contratado pela inflação, segundo alguns membros da equipe econômica, é de um excedente de 25 a 30 bilhões de reais – só um reajuste de 5% nos salários dos servidores já teria um impacto de 15 bilhões. Não há espaço para todas as despesas extras com as quais o governo está sendo pressionado, e escolhas terão de ser feitas.