“Baleia não seria o nome mais querido das oposições, mas acabou sendo o possível”.
(Carlos Lupi, presidente do PDT)
Baleia Rossi (MDB-SP) anunciou sua candidatura à presidência da Câmara, como sucessor a Rodrigo Maia. Nascido em São Paulo, fez sua carreira política a partir de Ribeirão Preto. É apadrinhado político de Michel Temer e está em seu segundo mandato como deputado federal por São Paulo.
Fez parte da dissidência emedebista que apoiou o rompimento com o governo de Dilma Rousseff, e foi um dos maiores proponentes pelo impeachment. Votou a favor da PEC do Teto de Gastos, e protegeu Michel Temer do impeachment. Foi favorável à Reforma Trabalhista, e tornou-se presidente nacional do MDB em 2019.
Sua carreira não deixa dúvidas de seu caráter essencialmente liberal – seu histórico de votos é, inclusive, mas governista do que o de Lira. Mas o papel de presidente da Câmara foge às convicções pessoais, e exige a capacidade de sublimar a vontade política dos deputados na pauta de votações.
Deste modo, sua bandeira eleitoral é de garantir uma Câmara livre de pressões políticas, e isso permite uma série de concessões à esquerda, que detém cerca de 130 votos. É nesse contexto que se inserem suas declarações recentes no sentido de rediscutir o fim do auxílio-emergencial e sessões extraordinárias para votar medidas contra a pandemia. Busca tornar-se palatável aos progressistas, que tem ojeriza a seu histórico parlamentar.
O apoio governista a Arthur Lira é menos por alinhamento político, e mais por eventual proteção contra votações hostis ao mandato presidencial, que Bolsonaro buscará renovar no ano que vem. Com a votação sendo secreta, é muito difícil afirmar quem tem o favoritismo. Apoios de líderes partidários acabam tendo baixa confiabilidade.
Para as pautas mais importantes, a única que parece ter algum favoritismo no caso da vitória de Baleia Rossi seria a Tributária, menina dos olhos de Rodrigo Maia. Já as privatizações parecem difíceis abaixo de qualquer mesa diretora.