“O momento do Brasil ainda é difícil, assistimos à política externa e temos nossas preferências. O que acontece lá fora interessa para cada um de nós aqui dentro”.
(Bolsonaro, sobre as eleições americanas)
Apesar do anúncio ainda não ter sido feito, tudo indica que o presidente-eleito dos Estados Unidos será realmente Joe Biden. A contagem em alguns estados demora a produzir um vencedor claro, e tudo indica que Trump pretende litigar o resultado. No entanto, a vantagem do candidato democrata se ampliou consideravelmente, e apesar das acusações de fraude, deverá ser empossado em janeiro.
Existe uma aliança ideológica clara entre Trump e Bolsonaro, que com o resultado passará a estar mais isolado internacionalmente, e tornar-se-á o baluarte da direita nacionalista global. Deparado com a realidade de uma administração mais hostil na Casa Branca, talvez se veja forçado a alterar o curso na frente de maior visibilidade e tração política, que é a ambiental. A mídia vem noticiando que dada a realidade dos fatos, Bolsonaro pode vir a parabenizar a vitória de Biden mesmo que Trump não tenha feito seu discurso de concessão.
Por outro lado, os prognósticos de uma onda azul nos Estados Unidos não se materializaram, e os resultados até agora indicam que o Senado permanecerá com os Republicanos. Isso frustra as ambições dos campos mais à esquerda de que Biden teria um mandato muito forte, amplamente progressista, e eleva as chances de uma administração mais contida.
No Brasil, o cenário sucessório de 2022 também parece menos favorável. Além de contar com oposição em Washington, Bolsonaro parece estar tendo seu valor como cabo eleitoral rebaixado diante da incapacidade de impulsionar suas candidaturas nos grandes centros: São Paulo, Rio, Recife, Fortaleza, Porto Alegre e Manaus.
De olho nas eleições municipais, a Câmara está paralisada. A indefinição pós-eleitoral de consequência para a agenda legislativa que o governo precisa fazer andar (e rápido) é a sucessão na presidência da Câmara. Algumas notícias têm requentado a possibilidade de uma candidatura de Rodrigo Maia, “único nome” capaz de medir forças com Arthur Lura e o Centrão.