“Não é demagogia ou populismo, é uma demonstração de que estou ao lado do povo na alegria e na tristeza”.
(Bolsonaro)
Até agora, 22 pessoas que estavam na comitiva presidencial que levou Bolsonaro aos Estados Unidos foram diagnosticadas com o novo coronavírus. Por ter testado negativo na semana passada, o presidente decidiu sair ao encontro de manifestantes favoráveis ao seu governo no fim de semana. Ao fazê-lo, contrariou as orientações do Ministério da Saúde e impôs risco a si próprio e a todos os que estavam no protesto.
Sofreu severas críticas por não estar dando o exemplo. Conforme os limites do sistema de saúde nacional são colocados a prova, especialmente em São Paulo, os eleitores começaram a ficar desesperados. E culpam ao governo pela resposta atabalhoada à crise. Criticam ao presidente por, primeiramente, não ter dado a importância necessário ao problema. Posteriormente, por ter se negado a se comportar como estadista e dar o exemplo, praticando o distanciamento social.
O resultado disso é a gradual erosão de sua popularidade. Com as pessoas em diversas capitais estando confinadas em casa, em diversos momentos na semana tivemos panelaços contra o governo, e gritos nas sacadas pedindo a queda do presidente. Foi um movimento espontâneo e politicamente complicado, em regiões que efetivamente elegeram Bolsonaro.
O presidente se viu acuado politicamente, atacado por todos os lados, e com a erosão de seu suporte popular. Alterou sua retórica e passou a fazer pronunciamentos à nação junto ao seu gabinete, usando máscaras e tratando a situação com mais seriedade. Mas o dano político está colocado.
O Congresso se mobiliza para funcionar remotamente, após o diagnóstico positivo para o coronavírus do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Conseguiram fazer aprovar o decreto legislativo de reconhecimento de estado de calamidade pública até o fim do ano, que garante alguma flexibilidade fiscal ao Executivo. O Ministério da Economia propôs uma série de medidas para ajudar as empresas durante esse período de isolamento, e evitar falências generalizadas. O setor em situação mais crítica até o momento é o aéreo e de turismo, que efetivamente paralisou.