Carta Política #191

“Eu faço um apelo a todo mundo: serenidade, patriotismo, responsabilidade, verdade”.

(Bolsonaro)

A semana do Carnaval foi conturbada – com uma reportagem atribuindo ao presidente a divulgação de um vídeo no qual o povo era convocado a comparecer às ruas no dia 15 de março, contra o Congresso. Isso gerou uma série de respostas bastante incisivas por parte das instituições, como o ato foi entendido como uma agressão do Executivo contra os demais poderes. Celso de Mello, decano do Supremo, chegou a sugerir que o presidente pudesse ter cometido crime de responsabilidade.

O presidente negou que ele, ou alguém de seu ministério, tivesse originado a divulgação do vídeo. Em comunicados na semana, surpreendeu ao se antecipar, dizendo que não iria renunciar, e que estava sofrendo pressão dos veículos de mídia por conta da suspensão das verbas para publicidade. Fez apelos por serenidade e responsabilidade, e abaixou o fogo.

Rodrigo Maia respondeu de forma bastante comedida. Sem se comunicar com ninguém do governo, pediu respeito às instituições e à ordem constitucional. Aparentemente sofreu críticas dos outros parlamentares, que consideraram a sua reação fraca demais.

A oposição, enquanto isso, conclamou manifestações de rua no dia 18 de março, contra o presidente, e a favor “da democracia e dos direitos”. Os líderes, em reunião, decidiram não pedir pelo impeachment do presidente.

A preocupação com a aprovação das reformas é menor, nesse momento. De fato, a pauta econômica hoje é mais tocada pelo Congresso, através do bloco de Rodrigo Maia, do que de paternidade exclusiva da equipe de Guedes. O que pode acontecer é que muito tempo na tribuna acabe sendo ocupado por discursos políticos e que não haja clima (ou tempo) para aprovar algumas reformas com a celeridade que seria necessária.

A eclosão do primeiro caso confirmado de coronavírus no Brasil, por sua vez, distrai a pauta do noticiário e, potencialmente, esvazia as ruas.

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