“Falei que só iria falar das eleições em 2020. Chegou a hora. Sou candidato à reeleição”.
(Bruno Covas, prefeito de São Paulo)
Começou 2020, o ano das eleições municipais.
Um aspecto interessante deste pleito, em contraste com as eleições de 2018, é a fraqueza da agenda anti-corrupção e anti-sistema nas grandes capitais. O PSL deixou de ser um partido capaz de articular esse tipo de demanda, e o próprio Bolsonaro, por conta de seu filho senador, deixou de ter condições de promover essa agenda. Não despontaram, até agora, candidatos viáveis nas principais praças que promovam esta agenda.
A desarticulação desta pauta acaba facilitando a vida dos partidos tradicionais, que ainda contam com financiamento público para as campanhas deste ano e tem mais experiência em gerir o cronograma eleitoral em função de seus interesses. Também favorece, de certa forma, a pauta reformista em 2020. Um Centrão que se sinta menos ameaçado pela força eleitoral do governo no pleito municipal pode estar mais confortável em aprovar reformas, mesmo correndo o risco de beneficiar politicamente Bolsonaro.
O Centro também é beneficiado pelo desgaste natural de um governo, após seu primeiro ano. Bolsonaro recuperou parte de sua popularidade ao longo do último trimestre de 2019, provavelmente fruto da recuperação econômica. Mas parte dos eleitores de Centro que lhe concederam a vitória em Outubro de 2018 pode optar por uma solução mais centrista. É nesse contexto que se insere, por exemplo, a recuperação eleitoral de Bruno Covas.
Começando sua gestão desgastado, a decisão de despachar do hospital e seguir comandando a prefeitura foi bem vista, e o PSDB vem sinalizando que seu nome se tornou eleitoralmente viável para este ano. O prefeito vem contemplando alianças com todo o espectro político, desde Joice Hasselmann (PSL) a Márcio França (PSB). Também reajustou as passagens de ônibus abaixo da inflação e tem em mãos um orçamento cerca de 15% maior para 2020, em relação ao ano passado. Seu comportamento é eminentemente centrista: uso de ferramentas políticas tradicionais e pouco ideológico nas alianças.
Enquanto isso, o novo partido do presidente ainda enfrenta o significativo desafio de se tornar registrado a tempo de participar das eleições municipais. O Aliança pelo Brasil disse que já recebeu 104 mil adesões para a formação da legenda. É necessário que 492 mil assinaturas sejam registradas em cartórios eleitorais para viabilizar a criação do partido. O próprio presidente disse que acha improvável que isso seja concluído a tempo.