“Nós somos Bolsonaro. Nós somos que nem mulher traída. Apanha, não é? Mas mesmo assim ela volta ao aconchego”.
(Delegado Waldir, líder do PSL na Câmara)
A semana foi de crise no partido do Presidente, o PSL. Primeiramente, Bolsonaro deu indícios de insatisfação com o presidente do partido, o deputado Luciano Bivar, ao dizer a um correligionário que Bivar estava “queimado pra caramba”. Alguns dias depois, a Polícia Federal deflagrou operação de busca e apreensão na casa do deputado. Farpas trocadas de ambos os lados, e uma obstrução ao governo no Congresso protagonizada pelo partido do próprio Presidente depois, a crise atingiu novo clímax nessa semana. Bolsonaro foi gravado colhendo assinaturas de deputados do PSL para destituir Delegado Waldir da presidência do partido na Câmara, em favor de seu filho Eduardo Bolsonaro.
O grupo alinhado a Bivar também colheu assinaturas para manter a liderança. Ambos os grupos tendo apresentado suas listas à mesa da Câmara, a disputa foi arbitrada a favor do Delegado Waldir. Foi uma derrota política clara para Bolsonaro e seus filhos, que não foram capazes de controlar o PSL.
A disputa pelo controle do partido aparentemente se dá pelo controle do dinheiro do fundo partidário, e pela “crise dos laranjas” do PSL. O partido, que em 2018 tinha recebido do fundo apenas R$ 17,5 mi, adquiriu uma estatura política imensa após seu sucesso nas eleições. Para 2020, deve receber cerca de onze vezes mais: R$ 200 mi. Quem controla essa montanha de recursos (públicos, deve-se dizer), é o presidente do partido, que não quer se dobrar aos desejos do Presidente da República.
As consequências políticas de todo o imbróglio são algumas. O Presidente (e sua família) saem enfraquecidos politicamente. As chances de Eduardo Bolsonaro se tornarem diplomata se tornaram menores. Joice Hasselmann foi apeada da liderança do governo no Congresso, em favor do senador Eduardo Gomes (MDB-TO). Saem fortalecidos o grupo fiel a Luciano Bivar no PSL, e Rodrigo Maia, que tem seu poder de pautar a agenda fortalecido. A agenda mais “ideológica” do governo corre mais riscos, nesse momento, do que a econômica.
Bolsonaro deve tentar reagir, mas seu espaço de manobra, após o episódio, ficou reduzido. A ver.