“O Brasil pediu uma nova forma de se relacionar com os Poderes da República, e assim seguirei, em respeito máximo à população”.
(Jair Bolsonaro, sobre a crise com o Congresso)
Pela primeira vez na presidência Bolsonaro, as ruas foram tomadas por manifestantes. A oposição venceu a batalha da comunicação em torno do vai-e-vem do governo na questão do contingenciamento dos recursos para a Educação, aumentando o custo de alinhamento ao governo para os parlamentares.
As relações entre o Planalto e o Congresso se deterioraram muito rapidamente. Apesar de o governo ter cedido ministérios ao Centrão na semana passada, as críticas se avolumam. O governo permanece com sua estratégia combativa, mas dá sinais de cansaço. O texto compartilhado pelo presidente hoje, externando sua frustração com as limitações do poder presidencial, chegou a ser interpretado como prenúncio de um rompimento.
É cedo: o governo tem menos de cinco meses. Mas o contexto de convulsão política no meio do qual se encontra o Planalto é, também, extraordinário. As confusões em torno das decisões executivas, a relação bipolar com o Congresso, as seríssimas acusações e vazamentos do caso Flavio Bolsonaro, a inexplicável fritura de Sergio Moro, a queda da popularidade, o bate-cabeça com Mourão, as manifestações de desencanto de Carlos Bolsonaro e Olavo de Carvalho – tudo aponta para um nível de fraqueza muito inesperado.
O tempo passa, o Congresso sente cheiro de sangue, e o país fica à míngua. A MP da reorganização ministerial corre sério risco de caducar, assim como as MPs do saneamento e do setor aéreo. A Reforma da Previdência avança a passos lentos, com apoio mas sem “clima” para votação. E a Reforma Tributária, que ainda não entrou no radar das prioridades do governo, segue célere, com a justificativa de que essa teria as digitais do Legislativo.
Jair Bolsonaro retornou ao Brasil nesta manhã, e na sua agenda constam reuniões com o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo, e com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Quanto ao novo marco das telecomunicações, a senadora Daniella Ribeiro disse, nessa semana, em evento com investidores, que reconhece a importância da votação do projeto, mas ainda não apresentou ao Senado.