“A reforma da Previdência deve ser aprovada, com ajustes, porque a maioria dos deputados tem responsabilidade com o Brasil, não por causa do governo, que não tem voto nem para aprovar moção de aplauso”.
(Marcelo Ramos, vice-líder do PR na Câmara)
Conforme antecipado, não houve acordo para votação, antes da Páscoa, da Reforma da Previdência na CCJ. Alguns culpam a falta de articulação política, outros a inexperiência do governo. O fato é que as forças aliadas realmente cometem falhas estratégicas na condução dos trabalhos, e a base aliada (mas nem tanto), mais experiente e menos comprometida, se sente desprestigiada.
O líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), disse que o texto do relator precisava ser modificado para não correr o risco de ser rejeitado na Comissão. Queriam já retirar do texto o fim da multa do FGTS paga para aposentados, as mudanças no abono salarial, as mudanças na aposentadoria de ministros do Supremo, além de outros pontos. Não são questões essenciais para manter a potência fiscal do projeto, mas contribuem aperfeiçoando o arcabouço técnico da Previdência, principalmente ao tornar infra-constitucionais alguns pontos passíveis de ajuste no futuro. A próxima reunião da CCJ deve acontecer na terça-feira dia 23, podendo ser votada até o dia seguinte.
Aparentemente, os partidos sentiram cheiro de sangue. O PR (33 deputados) pede abertamente para indicar o nome a ocupar a pasta de Transportes, o PP (39) quer o Desenvolvimento Regional, e o PSD (35) quer a Ciência e Tecnologia. Dizem que o governo estaria disposto a ceder os ministérios em troca do fechamento de questão desses partidos. Onyx Lorenzoni negou.
No mais, a semana foi marcada pela atabalhoada censura do STF à revista Crusoé, após matéria publicada pela mesma relacionando o presidente do Supremo à Odebrecht. Além disso, a Petrobras acabou aumentando o preço do combustível, e o governo “compensou” os caminhoneiros com outras medidas. Bolsonaro se viu forçado a chancelar a independência da companhia para definir os preços, e parece mais sensível a questão das privatizações. Um líder menor dos caminhoneiros declarou que a categoria entrará em greve no dia 29.